Trabalhadores do Sistema Petrobras deram início a uma greve que afeta 6 refinarias, 16 plataformas e unidades operacionais em todo o país. A paralisação começou nesta 2ª feira (15.dez.2025), com interrupções totais ou cortes na rendição de turno em instalações estratégicas. O movimento se dá depois de impasse nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho.
Entre as unidades afetadas estão a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) (RJ), Regap (Refinaria Gabriel Passos) (MG), Replan (Refinaria da Paulínia) (SP), Recap (Refinaria Capuava) (SP), Revap (Refinaria Henrique Lage) (SP) e Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) (PR).
No Rio de Janeiro, 14 plataformas da Bacia de Campos tiveram desembarques de trabalhadores, incluindo as unidades PGP-1, PNA-2, P-09, P-19, P-25, P-35, P-38, P-40, P-43, P-48, P-51, P-54, P-56 e P-62. Duas plataformas no Espírito Santo também foram afetadas.
Segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a sede administrativa da Petrobras em Natal (RN) teve 90% de adesão. No Espírito Santo, todos os médicos e dentistas que prestam serviços nas bases da categoria aderiram à paralisação.
Em nota, a FUP chamou a última proposta da Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de “uma vergonha para uma empresa desse porte e dessa importância estratégica para o Brasil”. Segundo a federação, a estatal propôs “0,5% de aumento real, além de tentativas de retirada de direitos“.
A greve atinge ainda campos de produção terrestre na Bahia, unidades da Transpetro, da TBG (Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil), da PBio (Petrobras Biocombustível) e o Terminal Aquaviário de Coari (AM), onde 100% dos trabalhadores da operação aderiram ao movimento.
Em nota, a Petrobras afirmou que as ações dos petroleiros não impactaram na produção de petróleo e derivados. Disse que “respeita o direito de manifestação dos empregados.”
“Na última 3ª feira (9.dez) a companhia apresentou sua última proposta, que contempla avanços aos principais pleitos sindicais. A Petrobras segue empenhada em concluir a negociação do acordo na mesa de negociações com as entidades sindicais.”
Ainda de acordo com a FUP, o secretário-geral do Sindipetro Caxias, Marcello Bernardo, e o integrante da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio) Fernando Ramos foram detidos na Reduc durante atividades relacionadas à greve. Os sindicalistas foram liberados horas depois.
A federação afirma que eles foram soltos com marcas de violência, como feridas nos pulsos por causas das algemas e arranhões no rosto por terem sido esfregados no asfalto. Os petroleiros foram ao IML (Instituto Médico Legal) para realizar o exame de corpo de delito.
Em nota, a FUP definiu a ação da PM (Polícia Militar) como “truculenta”, além de exigir “a imediata responsabilização dos envolvidos por essa violação aos direitos civis e à liberdade de expressão.”
Um ato unificado em frente à Refinaria Duque de Caxias foi convocado na 3ª feira (15.dez). A manifestação visa a protestar contra a repressão, defender o direito de greve e pressionar pelo atendimento das reivindicações da categoria.
Em nota enviada ao Poder360, a Petrobras afirmou que “acompanha o caso”, que estaria relacionado a um “impasse” na liberação de passagem durante a manifestação na Reduc.
Eis a íntegra da nota da Petrobras:
“A Petrobras informa que foram registradas manifestações em unidades da companhia em virtude de movimento grevista. A Petrobras afirma que não há impacto na produção de petróleo e derivados. A empresa adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações e reforça que o abastecimento ao mercado está garantido.
A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados e mantém um canal permanente de diálogo com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas.
A Petrobras está em processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho desde o final de agosto deste ano. Na última 3ª feira (9.dez) a companhia apresentou sua última proposta, que contempla avanços aos principais pleitos sindicais. A Petrobras segue empenhada em concluir a negociação do acordo na mesa de negociações com as entidades sindicais.”
Sobre a detenção dos petroleiros, a empresa afirmou:
“A Petrobras tomou conhecimento da detenção de 2 representantes sindicais em razão de um impasse relacionado à liberação da passagem durante manifestação nas imediações da Reduc (Refinaria Duque de Caxias). A ocorrência envolveu os sindicalistas e policiais. Ambos os empregados já foram liberados. A Petrobras está acompanhando o caso.”


